domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sonatina - Maurice Ravel

Façamos primeiro um breve apanhado sobre o compositor, a priori.

(Maurice Ravel)
Maurice Ravel (1875-1937) foi um compositor Francês. Estudou no Concervatório de Paris, tendo aulas com o famosíssimo Gabriel Fauré, autor de diversas obras muito conhecidas. Diferente de seu professor, Ravel era partidário de ideias que divergiam da linha tradicional da música romântica.  Homem muito inteligente, os pormenores, as formas, as modulações, os timbres, as articulações, as dinâmicas, dentre outras inúmeras, todas, seriam ferramentas indispensáveis em suas obras.

A Sonatina (1903-1905) foi composta de modo cômico. Seu primeiro movimento foi escrito em um concurso de composição de um revista francesa. Ravel fora o único inscrito e duvida-se que, mesmo sendo o único participante, teria ganho a competição, uma vez que seu primeiro movimento dispunha de alguns compassos a mais do permitido...

A Sonatina é dividida em três movimentos:

I. Modéré: Um movimento que não deve ser tocado tão agitado, embora a existência de fusas seja vasta! Um professor com quem tive aula, me lembrou que ao tocar essa Sonatina, devemos pensar num quarteto de cordas, e realmente isso é perceptível! As quatro vozes do movimentos se unem para formar um maravilhoso jogo harmônico! Como sempre, todas as marcações da partitura em texto original devem ser cuidadosamente analisadas. Ravel costumava dizer "Tudo o que quero está aí!", logo façamos tudo que o compositor quer!

II. Mouvement de Menuet: Ravel nos retorna a um tempo barroco em que Minuetos eram escritos de forma fixa, ou até num período clássico, nos quais os Minuetos poderiam ser seguidos de um Trio ou de um Scherzo. Não obstante, Ravel escreve seu segundo movimento sem Trio, nem similares. A existência de acentos fora de tempos fortes (em formação de hemíolas) é característico do início do movimento. As variações de andamento também dão sentimentalização à parte. É interessante notar, que esse movimento deve ser tocado com mais calma! A renomada pianista Martha Argerich, fantástica intérprete de Ravel executa esse movimento num quase Allegretto. Eu, particularmente, não gosto da interpretação, embora ame a pianista!

III. Animé: O terceiro movimento da Sonatina certamente pode ser considerado um dos mais difíceis. De caráter virtuosístico, o próprio compositor teria dito que não deveria executar esse movimento, já que não conseguiria executar tudo que propusera. É muito interessante pensar nesse movimento como uma seção orquestral, com trompetes enaltecendo a melodia inicial, e assim decorrendo. O difícil desse movimento, fora toda a agitação, é o destaque que deve ser dado às notas principais de melodia.

Uma coisa que vale para todos os movimentos é a estilística francesa que deve ser empregada. O estilo francês é muito isento de Rubatos! NÃO PENSE EM RUBATOS! Deixe a música fluir! Isso não é Chopin...
Outra coisa é o quesito da dinâmica forte. Não exagere. Faça a diferença entre forte do mezzo-forte do mezzo-piano etc, mas não exagere nunca nos fortes e fortíssimos!

A Partitura em texto original da Editora Durand, a qual fez contratos para publicar, de forma exclusiva, as obras de Ravel pode ser encontrada aqui:

http://216.129.110.22/files/imglnks/usimg/1/1e/IMSLP06173-Ravel_-_Sonatine__piano_.pdf

Essa versão por si só já é totalmente decente, uma vez que é da Editora Durand. Contudo, para aqueles que gostam de se apoderar dos livrinhos magníficos, a Editora Peters fez o catálogo de todas as obras de Ravel em formato Urtext (texto original):

http://www.sheetmusicplus.com/title/Sonatine/1014230

Pianistas que se aventurem nessa Sonatina..... cuidado....

Lembrem-se: qualquer peça de um compositor detalhista, tal como foi Ravel, será de trabalho árduo...
 
Interpretações:


Por Fordon Fergus-Thompson


I. Modéré

II. Mouvement de Menuet

III. Animé


O intérprete é simplesmente fantástico! Até hoje, de todas as versões, apresentações que ouvi, está é a melhor interpretação da Sonatina!

Jean-Efflam Bavouzet



I. Modéré

II. Mouvement de Menuet

III. Animé

A interpretação de Bavouzet, mesmo fantástica, não é tão preciosa e tão estilisticamente francesa quanto a de Thompson. Da mesma forma, um grande intérprete.

Um comentário:

  1. dudu!!!
    To adorando ler seu blog.
    Ja te vi tocando a sonatina,então sei que da pra confiar nas suas dicas.
    parabens!!
    bjão*

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